PAIS IDOSOS, NOVA ROTINA: ENVELHECIMENTO REQUER ADAPTAÇÕES

Carmela e a filha Fernanda | Folhapress

"Deus não poderia ter colocado pessoa melhor para cuidar de mim. Ela é um anjo na minha vida." É dessa forma que Carmela Carnevale, 83 anos, descreve sua filha, Fernanda Carnevale, 50, com quem mora na região central de São Paulo.

Devido a uma isquemia na medula durante uma cirurgia para corrigir uma válvula da aorta, Carmela perdeu a força nas pernas e o controle de suas necessidades fisiológicas, necessitando de ajuda 24 horas por dia desde então, como muitos idosos e idosas Brasil afora.

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2018, 14% da população brasileira é composta por idosos com idade superior a 60 anos.

Com o crescimento dessa parcela da população, o interesse para se tornar um cuidador de idosos aumentou da mesma forma. Segundo dados divulgados pelo Cebrac (Centro Brasileiro de Cursos), os cursos de formação de cuidadores tiveram no ano passado um aumento de 84% na procura, quando comparados aos dados de 2017.

Muitos idosos perdem sua independência e precisam de auxílio durante todo o dia, seja por conta da velhice ou por alguma patologia que os acomete. 

Foi justamente o emprego de Fernanda que possibilitou que ela pudesse se entregar e mudar totalmente sua rotina para cuidar de sua mãe. Trabalhando há mais de dez anos na administração própria do prédio em que sua mãe mora, do dia para a noite Fernanda largou os filhos, sua casa e as horas de sono para morar com a mãe e dar atenção a quem muito já cuidou dela.

"Eu tinha uma rotina certinha. Chegava do trabalho, jantada e deitava para ver minha novela e dormir até seis da manhã. Hoje, não. Estou morando aqui com ela há mais de um ano e meio e, desde então, meu sono está todo desaparelhado porque ela dorme só 1h, 2h da manhã e eu tenho que pensar meu dia todo baseado nos remédios e nos cuidados dela. Tenho que estar aqui de manhã, de tarde e de noite", conta Fernanda.

Resistência a cuidadores

"Nem fala isso alto que a Fernanda vai ouvir", brinca dona Carmela, quando questionada sobre a possibilidade de ter um cuidador. "Não admito alguém de fora dentro da minha casa. Uma prima minha já teve e não foi legal. Tenho minha filha que está aqui quando eu preciso. Não posso reclamar, ela é um anjo na minha vida."

E não é só filha que sente falta da rotina de antes. "Eu sinto falta de ficar 'zanzando' por aí. Antes eu ia no mercado, cozinha para minha filha e meus netinhos."

Agora, eu tenho que carregar essa porcaria [referindo-se ao andador] para cima e para baixo. Eu me sentia mais útil", conta Carmela, com lágrimas nos olhos. "Às vezes ela chora porque diz que não quer dar trabalho para ninguém. Ela cuidava de todo mundo e os papéis se inverteram", revela Fernanda.

Fonte: Folhapress

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